Comércio do Acre busca açaí no Sul do Amazonas para abastecer mercado interno

Produtores e técnicos agrícolas são unânimes em afirmar que a fruta nativa não tem condições de atender à demanda interna. No Pará, produtores já usam o AcaíBot, o robô que escala a planta e extrai a fruta

O AçaiBot é o robô fabricado pela KAATECH. É utilizado na colheita e controlado remotamente

O engenheiro agrônomo Raimundo Cardoso já foi superintendente do Incra no Acre. Atualmente, possui uma área de terra no Km 18 da BR-364 sentido Porto Velho (na região do Kinoá) onde mantém uma plantação de 12 hectares irrigados de açaí.

É uma produção que tem se destacado em Rio Branco. A qualidade, aliada à logística favorável à comercialização, tornou o produto dele de fácil aceitação no mercado local.

“Se tiver produção, tenho certeza de que se fará fila de caminhão para comprar”, exagerou, com o costumeiro bom humor. “É lamentável saber que parte do nosso comércio está precisando recorrer ao Sul do Amazonas para poder ter o produto”. Ele pretende ampliar de 12 para 50 hectares de açaí irrigado.

No Acre, o custo de produção de 1 hectare de açaí é orçado, em média, a R$ 50 mil. É uma relação para poucos produtores da região. Fazer com que o agricultor de base familiar observe viabilidade na cultura do açaí precisa ter política pública.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) já anunciou a construção de um Complexo Industrial do Açaí, na cidade de Feijó, aproveitando a recente conquista dos produtores da região com o selo de Identificação de Origem. A articulação para a edificação da unidade industrial está sendo feita pela diretora executiva da ABDI, Perpétua Almeida.

A avaliação de técnicos agrícolas é de que o açaí nativo é importante como uma alternativa de renda do extrativista. O transporte da fruta, avaliam, está cada vez mais distante dos centros consumidores em função dos desmatamentos. “O açaí nativo está longe”, ironizam. Todos são unânimes em reconhecer a importância, mas, comercialmente, está cada vez mais difícil oferecer um açaí nativo ao consumidor.

Não há dados oficiais. Mas a estimativa é que o açaí de cultivo não abrange nem mil hectares.

Pará se destaca com tecnologia

Enquanto o Acre ainda não consolida a cadeia produtiva com linha de produção organizada, o Pará já apresenta soluções tecnológicas que chamam atenção pela praticidade, eficácia e baixo custo.

Com pouco menos de R$ 20 mil, é possível adquirir um robô que garante a extração da fruta com risco zero ao trabalhador. O mecanismo é controlado remotamente. É leve (é transportado em uma mochila) e garante a extração sem acidentes e sem uso de mão de obra infantil.

A novidade foi apresentada em feiras especializadas e já é usada em algumas propriedades no Pará. A KAATECH é a empresa que produz o robô e deixa bem claro no portfólio:  “tem como propósito desde o seu nascimento, liderar um processo de inovação tecnológica na cadeia produtiva do açaí, oferecendo soluções integradas que vão desde a colheita até o melhoramento genético das plantas”.

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