Acre só produz mais arroz que o Amapá entre os estados do Norte

“Isso aqui é riqueza! Isso aqui é comida, é segurança alimentar!”. A frase do prefeito de Rio Branco divulgada pela assessoria de imprensa traz o tom da empolgação de Tião Bocalom. Mas ainda não está claro se o prefeito tem a dimensão do que representa a cultura do arroz para essa região do país. Os números da Companhia Nacional de Abastecimento mostram que tanto em área plantada, quanto em produtividade ou produção o Acre só supera o estado do Amapá na região Norte.

Para além da empolgação no passeio pela área de plantio das sementes de arroz, é preciso saber se o prefeito tem dimensão do que disse. Falar em “segurança alimentar” não guarda relação direta com o espírito do “agronegócio”. Os números oficiais mostram que plantar arroz por aqui é uma ação mais social do que mercadológica, com criação de um sistema de armazenagem e distribuição.

Pensando em uma ação do poder público, o foco deveria estar em uma política de produção associada à distribuição. Inicialmente, a Prefeitura de Rio Branco deve beneficiar 100 produtores com a distribuição das sementes do tipo Primavera. O campo de cultivo dessas sementes é resultado de uma parceria com a Embrapa.

“Não podemos mais aceitar que precisemos importar arroz. Este é o exemplo de como podemos produzir aqui”, afirmou o prefeito em nova declaração à equipe da assessoria. Esse é um raciocínio que pode ser relativizado. Não é porque o Acre irá produzir o próprio arroz que se terá a garantia de que o produto será barato. Além de o cálculo dessa frase depender dos custos de produção, há fatores externos que tornam os preços instáveis. Caso o acreano comesse barato o que produz por aqui, o consumo da castanha e da carne bovina estaria ao alcance de todos. E não é bem assim.