Rio Branco fecha outubro com inflação de 0,10% e mantém uma das menores taxas do país

Queda na energia elétrica e deflação no grupo Habitação seguram o índice; serviços e alimentos registram altas pontuais

© Joédson Alves/Agência Brasil

A inflação de outubro de 2025 em Rio Branco encerrou o mês com alta de 0,10%, conforme análise do Projeto de Extensão: Monitoramento do IPCA Rio Branco 2025, da Universidade Federal do Acre (Ufac). O resultado mantém a capital acreana entre as cidades com maior estabilidade de preços no país, com inflação acumulada de 4,01% em 12 meses — abaixo da média nacional, que ficou em 4,68%.

No Brasil, o IPCA de outubro subiu 0,09%, desempenho melhor que o previsto pelos analistas, que estimavam 0,15%. A desaceleração reforça a trajetória de moderação da inflação e alimenta a discussão sobre possíveis ajustes na política monetária ao longo dos próximos meses.

Capital acreana apresenta comportamento mais estável que grandes centros

Com um dos menores índices acumulados do país, Rio Branco volta a se destacar pela estabilidade inflacionária. Enquanto cidades como Grande Vitória (5,39%) e São Paulo (5,17%) registraram altas maiores no acumulado anual, a capital do Acre manteve ritmo mais moderado, favorecida pelo comportamento de itens essenciais da cesta de consumo local.

A análise ressalta diferenças regionais importantes na dinâmica dos preços, reforçando que a inflação no Acre responde de forma distinta às pressões observadas no restante do país.

Energia elétrica e habitação funcionam como âncoras da inflação

A principal força de contenção da inflação em outubro veio de dois itens de grande peso na composição do IPCA: energia elétrica residencial e o grupo Habitação. A tarifa de energia caiu -3,73%, exercendo impacto de -0,23 ponto percentual no índice geral. Já o grupo Habitação apresentou deflação de -1,55%, reduzindo 0,20 p.p. da inflação do mês.

Itens ligados ao transporte também colaboraram para o alívio no custo de vida, como a gasolina, que registrou impacto negativo de -0,14 p.p.

Serviços, lazer e alguns alimentos continuam pressionando

Apesar das pressões deflacionárias em setores estruturais, alguns grupos apresentaram altas significativas. O setor de lazer e cultura foi o destaque de outubro, com aumentos expressivos em cinema, teatro e concertos, que registraram variação de 15,85%.

Na alimentação, produtos como batata-doce (+10,95%) e limão (+7,39%) ficaram entre os itens que mais subiram. Entre os grupos, Rio Branco registrou:

  • Alimentação e bebidas: +0,44% (Brasil: +0,01%)
  • Vestuário: +0,88% (Brasil: +0,51%)
  • Saúde e cuidados pessoais: +0,57% (Brasil: +0,41%)
  • Despesas pessoais: +1,53%, contribuindo com 0,13 p.p. para o IPCA local

O comportamento revela um cenário misto, no qual setores com forte deflação convivem com altas localizadas, tornando a composição da inflação mais volátil que a média brasileira.

Difusão da inflação cai, mas número de produtos com alta cresce

O Índice de Difusão da Inflação (IDI) de Rio Branco caiu para 53,68%, indicando menor espalhamento da alta de preços entre os itens da cesta. Porém, um alerta importante foi identificado: o número absoluto de produtos com aumentos subiu de 115 para 124. A situação sugere que novas pressões podem estar surgindo, mesmo com a queda na difusão percentual, o que exige acompanhamento contínuo.

A análise dos núcleos de inflação também mostra um cenário dual. Enquanto o núcleo de médias aparadas apresentou deflação de -1,40%, os núcleos de exclusão (EX1, EX2 e EX3) registraram resultados positivos, apontando para pressões setoriais persistentes em determinados segmentos da economia local.

Perspectivas: quadro controlado, mas com pontos de atenção

A inflação moderada de outubro confirma um ambiente de estabilidade para Rio Branco, sustentado principalmente por quedas em itens essenciais, como energia elétrica e habitação. No entanto, o avanço de preços em serviços, lazer e alimentos, além do aumento no número de produtos em trajetória de alta, indica que o comportamento da inflação no Acre precisa continuar sendo monitorado de perto.

O estudo completo elaborado pelo Dr. Rubicleis G. Silva, que compila todos os dados do IPCA de outubro e aprofunda os resultados para a capital acreana, está disponível para download no repositório Zenodo.

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