Alta dos alimentos exige mais do que juros, diz economista da Ufac

Professor da UFAC aponta fatores climáticos e demanda chinesa, e defende combate ao desperdício e melhorias em ramais para frear os preços.

Rubisclei Gomes, professor do curso de Economia da UFAC, afirma que a recente proposta de elevar a taxa de juros para conter a inflação de alimentos ignora as causas reais do problema. “Na realidade é o seguinte: inflação de alimento não se combate com aumento da taxa de juros. Por quê? Porque o problema da inflação de alimento está vinculado a duas coisas”, explica Rubisclei, ressaltando que medidas monetárias não serão eficazes para corrigir desequilíbrios estruturais no setor.

Segundo o economista, o primeiro fator que impulsiona a alta dos preços é a instabilidade climática. “Está chovendo demais ou está fazendo sol demais, a produção está caindo.” O segundo, destaca ele, é o aumento da demanda chinesa por produtos agrícolas no mercado global, pressão que não se dissipa com a elevação do custo do crédito.

Para o Doutor Rubisclei, a solução passa antes por reduzir o desperdício e melhorar a infraestrutura de escoamento. “O Brasil tem uma taxa de desperdício gigantesco, 30% é o que é estimado. Se a gente conseguisse reduzir pela metade essa taxa de desperdício, você conseguiria ter uma redução significativa na inflação de alimentos.” Ele critica as condições das estradas rurais: “Anda nos ramais intrafegáveis, anda nas ruas em Rio Branco, tudo esburacado – como é que o produtor consegue escoar a produção quando chega no supermercado um monte de produto que estraga nas gôndolas?”

Por fim, o professor adverte que as altas taxas de juros prejudicam não apenas o pequeno produtor, mas toda a economia nacional. “Não é só o pequeno produtor que é prejudicado por essas taxas de juros altas do Banco Central, é toda a economia. O pequeno produtor é mais um prejudicado.” E alerta: “E no curto prazo, não tem solução. Infelizmente, todos nós vamos ser prejudicados.”

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