“Pra que servem casas de farinha aqui em Rio Branco?”

Bocalom admite que devolveu o dinheiro por decisão e diz que sempre devolverá “se sentir que não será bem aproveitado”

Em declaração à imprensa, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, admitiu que devolveu o dinheiro das emendas do senador Alan Rick (União Brasil/AC) por decisão própria. O entendimento é que o investimento seria inútil. “Pra que serve casa de farinha aqui em Rio Branco?’, perguntou Bocalom. “Foram feitas um monte de casas de farinha que o governo financiou na época e nenhuma funciona”.

O prefeito continou. “Esquece! Essa história de casas de farinha que tem aquele convênio. Aquilo ali é coisa antiga. Não fui eu que pedi. Foi outra turma (sic) que pediu”, afirmou o prefeito. Sem interromper o surto de sinceridade, arrematou “E não adianta. Eu não vou fazer obras que não são funcionais, simplesmente para gastar o dinheiro. Não vou fazer obra para ficar aí abandonada, como outras casas de farinha que estão aí abandonadas. As casas de farinha que tem hoje em Rio Branco são suficientes para as comunidades poderem tocarem o seu trabalho. Nós devolvemos o dinheiro, sim. Não estou arrependido. E sempre que eu sentir que o dinheiro não vai ser bem aproveitado, a gente vai devolver”.

Os recursos para construção de cinco casas de farinha foram disponibilizados por emendas parlamentares do senador Alan Rick ainda em 2019. O total da verba era de R$ 1.024.069,93. No entanto, apesar do depósito ter sido feito apenas em março de 2023, o projeto foi posteriormente devolvido pela prefeitura.

O senador Alan Rick e o vereador Eber Machado visitaram uma das comunidades rurais essa semana.. Em entrevista ao ac24agro, Machado questionou a versão oficial. Segundo ele, a justificativa apresentada pela prefeitura não condiz com a realidade.

“Esse projeto beneficiaria mais de duas mil pessoas, e eles vêm dizer que os produtores desistiram da construção. Isso é mentira”, afirmou o vereador.

A reportagem também ouviu o secretário de Agricultura de Rio Branco, Eracides Caetano, que afirmou ter encontrado dificuldades desde o início de sua gestão. Segundo ele, quando assumiu a pasta, o projeto já estava no fim do prazo de validade, o que dificultou a execução.

“Quando cheguei à secretaria, essas casas de farinha estavam vencendo (sic), já haviam se passado dois anos. Corri atrás de terras, porque não é possível construir em áreas que não pertencem à prefeitura. Infelizmente, quando conseguimos as áreas, o dinheiro do ministério ainda não havia sido liberado. Ficou três anos parado. Quando finalmente foi liberado, houve problemas com a posse das terras, algumas mudaram de dono e a Caixa Econômica suspendeu a verba. Não foi por falta de esforço nosso. Eu fui atrás”, explicou o secretário.

A Prefeitura de Rio Branco, por meio do assessor de comunicação Ailton Oliveira, também se posicionou. Ele alegou que o longo período em que a emenda permaneceu retida no Ministério da Agricultura elevou os custos da obra, inviabilizando sua execução.

“A emenda é de 2019 e ficou muito tempo no ministério. Quando foi liberada, no segundo semestre de 2023, a contrapartida exigida ficou muito cara. Por isso, a prefeitura não conseguiu realizar o projeto”, esclareceu.

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