Mulheres vinculadas à Associação Agroextrativista Nossa Senhora dos Seringueiros estão plantando café em áreas degradadas da Reserva Extrativista Chico Mendes em Brasileia, interior do Acre. Uma das regiões onde o trabalho em forma de “adjunto” (termo regional para designar o trabalho em mutirão) é no Seringal Guanabara, Colocação Palmeiras.
Nessa região, seis famílias participam de um projeto piloto estimulado pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri). No dia da reunião com os técnicos da secretaria, havia 11 famílias. Seis foram escolhidas para iniciar o projeto piloto. O trabalho começou há três anos com as entregas de mudas.
“Nesse dia, ficou decidido que todo o processo seria liderado por mulheres. E está sendo”, lembrou a presidente da Associação Agroextrativista Nossa Senhora dos Seringueiros, Iranilce Lanes. Hoje, com 35 integrantes, a associação tem trabalhado com a ideia de “uso múltiplo” das atividades agrícolas e florestais. Mas a principal atividade tem sido a agricultura.
“Meus avós lutaram pela resex, lutaram pela floresta. Eu faço parte de uma nova geração de extrativistas que quer preservar a floresta com a cultura do povo daqui e com inovação”, afirmou a presidente. Na casa localizada na Colocação Palmeiras, Lanes tem os confortos básicos de uma casa e o equipamento StarLink, cedido por meio do programa Conexão Povos da Floresta. A internet disponibilizada pelo programa é de uso comunitário.
Aos poucos, o trabalho das mulheres está transformando áreas de pastagens em pequenos cafezais. Elas usam mecanização agrícola e, recentemente, compraram uma série de mudas de robustas de Acrelândia para plantar em novas áreas da região. “Sobre as mudas, o processo de reivindicação iniciou há três anos, mas só ano passado foram entregues trinta e quatro mil e oitocentas mudas e este ano, em janeiro, chegaram mais mil para o replantio”, contabiliza a presidente da associação.
Na produção de café, o grupo tem apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Abelhas_ Uma novidade que a Associação Agroextrativista Nossa Senhora dos Seringueiros está implementando é o uso de abelhas para fortalecer a cultura do café. As mulheres querem intensificar o uso da meliponicultura durante a florada do café. “Mas não é só para o café que estamos preocupadas. A polinização feita pelas abelhas melhora a floresta como um todo. E é, por isso, que vamos usar esse recurso cada vez mais. Está prevista uma série de oficinas com organizações não governamentais e técnicos da extensão rural do Governo do Acre para que esse uso da meliponicultura seja disseminado na resex, consorciado, inclusive, com a cultura do café.
Florescer_ As mulheres também participam de um projeto chamado Ateliê Florescer. Trata-se da fabricação de biojóias. Maquinários básicos foram adquiridos pela associação e a produção já iniciou. Está ainda no início, mas tem forte apelo comercial com marcas consolidadas: trabalho comunitário e fruto do associativismo; produzido dentro da Resex Chico Mendes, no Acre, na Amazônia.