Governo suspende lista de espécies exóticas invasoras que incluía a tilápia

Conabio vai reavaliar critérios após pressão do setor produtivo e divergências internas no governo

Mudança provocada por comissão pode provocar prejuízos para comércio de peixes de várias espécies no país. (Foto: Forbes)

A Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), ligada ao Ministério do Meio Ambiente, suspendeu temporariamente a Lista Nacional Oficial de Espécies Exóticas Invasoras, que incluía a tilápia. O anúncio havia sido feito em outubro e gerou preocupação no setor aquícola, já que o peixe é o mais cultivado do Brasil.

A suspensão, segundo a nota oficial, será utilizada para realizar novas consultas aos segmentos econômicos, com o objetivo de definir medidas de controle do escape desses organismos para ambientes naturais, sem prejudicar a atividade produtiva.

A tilápia é considerada exótica por não ser nativa do Brasil — sua origem é africana, na bacia do rio Nilo — e invasora quando encontrada em ambientes onde não deveria estar, causando desequilíbrios ecológicos. O Ministério do Meio Ambiente esclareceu que a lista tem caráter preventivo e não implica banimento ou proibição de cultivo, mas serve para orientar ações de monitoramento e resposta rápida em casos de invasão biológica.

Apesar disso, a inclusão do peixe provocou divergências dentro do próprio governo. O Ministério da Pesca e Aquicultura preparou um parecer técnico solicitando a retirada da tilápia da lista, alegando possíveis impactos econômicos.

Principais preocupações do setor produtivo

  • Aumento de custos operacionais: risco de encarecimento do licenciamento ambiental.
  • Barreiras comerciais: possível dificuldade na abertura de novos mercados internacionais.
  • Insegurança jurídica: ausência de legislação específica sobre produção de espécies consideradas invasoras.
  • Atrasos em licenças: risco de demora para liberar novos empreendimentos aquícolas.

Por que a tilápia entrou na lista

Estudos científicos apontam características que favorecem a invasão do ambiente natural:

  • Comportamento territorialista, competindo com espécies nativas.
  • Predação e dieta onívora, afetando cadeias alimentares.
  • Alteração do ecossistema, modificando nutrientes e produtividade dos lagos.
  • Escapes recorrentes, especialmente durante eventos climáticos extremos, com registros inclusive em áreas de preservação.
  • Alta resistência, com casos documentados de adaptação até mesmo à água salgada.
  • Transmissão de parasitas, que podem contaminar espécies nativas.

Pesquisas apontam que fugas de criadouros tendem a aumentar em períodos de cheias ou eventos climáticos extremos, mesmo em estruturas consideradas seguras, o que intensifica a preocupação ambiental.

A Conabio ainda não divulgou uma nova data para retomada da lista definitiva.

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