Imagem de satélite capta efeitos da devastação após construção da estrada UC-105 no Peru

Área está localizada a menos de 100 quilômetros onde vivem os ashaninkas no Vale do Juruá. “Nós não vamos aceitar que retrocessos avancem nossas fronteiras", informou líder Francisco Piyãko

Nas redes sociais, o coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), Francisco Piyãko, denunciou o que a pressão com a abertura da estrada UC-105 têm ocasionado na região do Juruá, do lado peruano.

“Venho falando sobre isso há anos. A pressão sobre a região do Juruá está aumentando e o que acontece do lado peruano chega até nós”, alertou Piyãko. “A Estrada UC-105, aberta sem estudo, sem consulta e sem respeito pelos povos que vivem ali, já está tomado por desmatamento, pistas clandestinas e até concessão de mineração em plena floresta. Quem vive na fronteira sabe: quando essa pressão avança, ela atravessa o rio e chega no Acre”.

O líder ashaninka já aproveitou a COP30, em Belém, e iniciou as articulações para se contrapor ao projeto de integração rodoviária com o Peru que o Governo do Acre quer implementar via Marechal Thaumaturgo.

Do lado peruano, a construção da estrada já pressionou governos que abriram concessões para áreas de mineração.

“Foi isso o que eu levei para a COP30: nossos territórios não são apenas lugares no mapa. São barreiras vivas contra o crime, contra o desmatamento e contra a destruição que cresce quando governos abrem caminhos sem ouvir ninguém”, afirmou Piyãko. “Os povos Ashaninka, Nawa, Nukini, Huni Kui e tantas comunidades do Juruá têm defendido essa região há décadas. Nós somos os primeiros a sentir quando a floresta é empurrada para trás e somos também os primeiros a resistir”, avisou.

Área onde foram registrados desmatamentos ilegais do lado peruano estão a menos de 100 quilômetros onde vivem os ashaninkas, em Marechal Thaumaturgo.

Essa imagem registrada por satélite mostra uma área que já sofreu desmatamento após a construção da UC-105. Essa área fica a menos de 100 quilômetros de onde os ashaninka do Acre vivem. O receio do líder ashaninka é que se não houver uma ação coordenada, tanto por parte do governo brasileiro quanto do governo peruano, os efeitos da devastação do outro lado da fronteira chegarão aqui. “Nós não vamos aceitar que retrocessos avancem nossas fronteiras”, informou Piyãko.

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