O clima já é de despedida do ano pecuário. É essa a sensação que se tem ao conversar com um experiente corretor de gado, acostumado à lida tanto nos ramais e rios “puxando gado”, quanto no olho atento ao noticiário para saber das decisões do governo.
Sobre o aumento da “pauta do boi”, promovida pela Secretaria de Estado de Fazenda, o corretor de gado (que preferiu não se identificar “para evitar problemas no comércio, já que eu mexo com grandes e pequenos”) avaliou que da seguinte maneira: “se o objetivo era mesmo prender o gado aqui dentro, a decisão foi fraca e veio tarde”.
Para o corretor, uma prova de que a medida anunciada pela Sefaz chegou atrasada é a atual escassez de bezerros na região. “A mercadoria ficou garimpada (sic), moço”, revelou. “Vou lhe dizer uma coisa: esse ano, eu vi gente ir buscar gado em lugares que eu nunca tinha visto ninguém ir. Os caras vêm de caminhonete aqui dentro do Acre. Compram um punhado aqui, outro acolá. Porque não está mais tendo bezerro muito não (sic)”.
Sobre a avaliação do ano de 2025 para o mercado do boi, ele foi ligeiro na resposta. “Foi bom. 2025 foi um bom ano. E teve uma taxa de reposição de 2,2. É uma excelente taxa de reposição, quando se compara com o Paraná, que tem uma taxa de 1,5, por exemplo”, calculou o corretor.
A intervenção anunciada pelo Governo do Acre passa a entrar em vigor a partir do dia 1° de novembro. É prevista a cobrança de impostos para bezerro com o preço base de R$ 1,9 mil e para bezerra de R$ 1,3 mil.
Entre janeiro e agosto de 2025, foram comercializados para fora do Acre 248.234 bovinos. É um volume superior ao que foi registrado de saída de gado durante todo o ano passado, quando saíram 216.887 animais.
As informações estão no boletim mensal elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, em parceria com o Fórum Empresarial de Desenvolvimento e Inovação, Embrapa e com dados do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf).
Em 2025, a saída de gado foi mais acentuada no mês de setembro. Foram 45.368 animais comercializados para recria, engorda e abate em outros estados do país. Entre janeiro e setembro, já foram comercializados para fora do Acre 293.602 animais. Comparando ao mesmo período do ano passado, é um aumento de 86,4% já que, em 2024, saíram no mesmo período 157.456 bovinos.
