O auditório da Universidade Nacional Juliaca recebeu representantes do Governo do Peru, gestores do Porto de Matarani, do Porto de Chancay, do Porto de Callao e de uma das maiores empresas de logística do mundo, a Cosco Chipping. A integração do Peru com o Brasil é o principal ponto de pauta. A empresa PerBra Holding também fez parte de um dos painéis. A instalação do Porto Seco de San Roman, ligado à província de San Roman, na cidade de Juliaca, estado de Puno, foi o principal ponto de discussão. Também estavam presentes os administradores da linha férrea que já existe entre Cuzco e Matarani.
O projeto do Porto Seco San Roman quer transformar a cidade de Juliaca em um centro estratégico de distribuição de carga. E esse debate interessa muito ao Acre. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), uma agência brasileira, mostram que nos seis primeiros meses de 2024, passaram pelos portos da região Norte do Brasil 79,5 milhões de toneladas de produtos como soja, bauxita, milho e petróleo.
O que se percebeu é que o tom dos debates foi muito influenciado pelo projeto chinês da ferrovia interoceânica, mas uma parte do empresariado estava focada nas decisões que poderiam ser tomadas com o capital em logística já instalado atualmente, com os aparelhos públicos e privados já existentes.
O Acre também tem um projeto de instalação de um porto seco. A ideia tem mais de 20 anos que foi apresentada à agenda pública, mas nunca se concretizou. A possibilidade é que seja instalado na região do Vale do Alto Rio Acre, na cidade de Epitaciolândia.
“Se vier a ser instalado no Acre, o porto seco será complementar ao Porto Seco San Roman. Os projetos se complementam. Eles não se excluem”, analisa Alejandro Salinas, da PerBra Holding, que faz mediações entre empresas da região Norte do Brasil e o Peru.
A solução que o Porto Seco San Roman (Puno) traz para a logística pode economizar 14 dias de viagem. Com o modal férreo entre Puno e Matarani que já existe, o porto seco ganha em viabilidade para promoção de novos negócios.
“Se apenas dez por cento dos produtos que transitaram pelos portos do Norte do Brasil tivessem utilizado essa rota, nós estamos falando de quase oito milhões de toneladas de produtos”, calcula Salinas. “É um volume nada desprezível e que pode gerar uma situação positiva para a economia tanto do Peru quanto do Acre com a logística já existente”.