Cooperacre entra na cadeia produtiva do café: quais cuidados isso exige?

Planejamento estratégico da maior cooperativa do Acre aponta o ano de 2027 para início das exportações. Enquanto o turbulento cenário externo faz as acomodações políticas necessárias, a classe dos agricultores de base familiar tenta se organizar e trabalhar em conjunto, aproveitando a rede da maior cooperativa do estado

A Cooperacre vai entrar na cadeia produtiva do café. Já tem até data definida. Em janeiro de 2027, está previsto o início das operações para, ao menos, parte dos nove países para onde a cooperativa mantém exportação de borracha e castanha.

A entrada em cena da Cooperacre exige cuidado. Tratando especificamente da cadeia do café, há no Acre, atualmente, duas cooperativas. A Coopercafé (em Mâncio Lima) e a Cooperpurus (em Sena Madureira). Independente de quantas mais forem criadas, é necessária uma orquestração, um refinado cálculo para que o início das operações da Cooperacre não prejudique o desempenho das demais cooperativas em algum momento da cadeia do café (seja na produção ou na comercialização).

“Isso já está sendo observado”, adiantou o presidente da Coopercafé, Jonas Lima. “Na verdade, nós vamos ter na Cooperacre uma parceira”. Lima está atuando como se fosse uma espécie de “consultor”.

Ele não consegue esconder um certo incômodo com o título. Mas o fato é que foi uma liderança importante na criação da cooperativa em Sena Madureira e está intensificando as conversas com a direção da Cooperacre.

“A Cooperacre já exporta para nove países. Nós não vamos querer concorrer com eles que já têm experiência no comércio da borracha e castanha. Nós queremos ser parceiros”, afirmou o presidente da Coopercafé.

A agregação de valor por ser um café produzido na Amazônia e, no caso da Coopercafé, um produto feito na região com maior biodiversidade do mundo, pode ter uma vantagem competitiva e comparativa.

O produtor sente isso. E tem correspondido. Está empolgado. Em todo primeiro sábado do mês, a Coopercafé reúne os 180 produtores cooperados. No último sábado, foi dia de assembleia. Estavam presentes 100 produtores. A reunião começou 8 horas e terminou depois de uma da tarde. Todos permaneceram até o fim.

“Precisamos discutir, mostrar como estão os cenários. É um trabalho de educação, de formação mesmo”, afirmou Jonas Lima. “Eu tenho fé em Deus que esses problemas externos vão ser resolvidos e nós vamos, a partir das exportações feitas pela Cooperacre, passar a ditar o preço do café praticado aqui”.

A coordenadora do Núcleo de Cafeicultura da Secretaria de Estado da Agricultura, Michelma Lima, reforça a necessidade de trabalho em conjunto para fortalecer tanto a produção quanto a comercialização das cooperativas. “A criação de mecanismos de integração, planejamento estratégico conjunto e governança compartilhada se apresenta como um caminho necessário para garantir que essas cooperativas não apenas sobrevivam, mas se fortaleçam mutuamente”, analisou.

Em 2025, a Secretaria de Estado de Agricultura projeta que o Acre deve contar com área plantada que varia de 2 mil a 2,5 mil hectares de café e uma produção estimada em 5 mil toneladas.

No Acre, entre 1 mil a 1,2 mil famílias produzem café. Isso demonstra como o produto recebeu aceitação por parte do agricultor de base familiar. O último Censo Agropecuário do IBGE (2017) identificou que 480 propriedades tinham área plantada com café.

Compartilhar esta notícia
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sair da versão mobile