A tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já preocupa diretamente o setor agropecuário. O pecuarista Sidney Sanches Zamora Filho, do grupo agropecuário Zamora, que atua em todas as etapas do processo produtivo, da cria ao abate, com operações no Acre e em São Paulo, afirma que a medida pode inviabilizar as exportações de carne bovina para o mercado norte-americano.
“Quando você coloca uma tarifa de 50% sobre qualquer produto, a tendência natural é o volume cair. Fica mais caro para quem compra, menos competitivo para quem vende. Então vejo a possibilidade real de redução nas exportações brasileiras para os EUA, principalmente em produtos onde há concorrência forte, como a carne bovina”, avaliou o produtor.
Segundo Zamora, os Estados Unidos representam um mercado importante, especialmente para carnes com alto valor agregado. Com a tarifa, o grupo já considera alternativas como redirecionar parte da produção para o mercado interno ou ampliar parcerias com a China, Oriente Médio e Ásia, regiões que já absorvem parte significativa da carne bovina brasileira. Para ele, depender de um único destino de exportação é arriscado. Por isso, defende que o setor invista em uma estratégia mais robusta de diversificação de mercados.
“Vamos reforçar ainda mais a relação com a China, que já compra quase metade da nossa produção, além de buscar abrir mais espaço no Oriente Médio e na Ásia. Como produtor rural, sempre defendo que a gente não pode ficar dependente de um único mercado. Se amanhã a China muda uma regra sanitária ou impõe uma barreira, ficamos reféns. Temos que buscar uma estratégia mais robusta, ampliando mercados na Índia, Oriente Médio, Sudeste Asiático e até Europa, diversificando o risco.