A restauração das matas ciliares é uma obrigação legal ignorada por muitos produtores rurais e negligenciada pelo poder público, segundo o pesquisador Evandro José, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Em fala recente, o especialista chamou atenção para o tamanho do passivo ambiental no país e defendeu um mutirão para reverter os danos causados especialmente às margens dos rios.
“O Brasil assinou, em 2015, o Acordo de Paris, assumindo o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares. Só aqui na região amazônica, incluindo as matas ciliares, estima-se que cerca de 400 mil hectares precisem ser reflorestados”, apontou. Segundo ele, a legislação brasileira é clara: áreas desmatadas ilegalmente devem ser recompostas pelos proprietários, especialmente quando se trata de Áreas de Preservação Permanente (APPs), como beiras de rios.
Evandro ainda criticou o uso indevido do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e disse que muitos fazendeiros “estão devendo mata”, ou seja, possuem áreas degradadas além do permitido por lei. “Hoje, se você comprar uma área com 100% de floresta, só pode desmatar 20%. Quem degradou além disso, tem que restaurar. Se não fizer, fica com o nome sujo e perde acesso a crédito rural”, explicou. Para ele, os programas estaduais ainda são tímidos e não enfrentam de frente a crise ambiental nas áreas ribeirinhas: “O esforço deveria ser primeiro: restaurar as matas ciliares do Acre. Ponto.”