Povos indígenas debatem sobre sociobiodiversidade no primeiro dia do Txai Amazônia

Painel mediado por Francisca Arara reforça que a bioeconomia precisa partir do olhar ancestral e do respeito aos territórios indígenas

Com um chamado à escuta, à ancestralidade e ao respeito pela floresta, o painel “O olhar indígena para a construção dos conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia” marcou um dos momentos mais simbólicos do primeiro dia do Seminário Txai Amazônia, nesta terça-feira, 25, no espaço do eAmazônia, da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.

Mediado por Francisca Arara, secretária extraordinária dos Povos Indígenas do Acre, o debate reuniu importantes lideranças indígenas da região para discutir como os conhecimentos ancestrais dos povos originários devem ser o ponto de partida para qualquer política ou iniciativa relacionada à bioeconomia.

Participaram da mesa o antropólogo e mestre em Desenvolvimento Sustentável Francisco Apurinã, o líder espiritual Mapu Huni Kuin, do Centro Cultural Huwã Karu Yuxibu, e o coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), Francisco Piyãko, representante do povo Ashaninka.

Durante o painel, os convidados apontaram que os conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia muitas vezes são apropriados por políticas públicas e projetos sem a devida valorização dos saberes que os originaram. “Não podemos falar de bioeconomia sem falar de território, de cultura, de modos de vida que respeitam a floresta há milhares de anos. Nós, povos indígenas, somos os verdadeiros guardiões dessa biodiversidade”, destacou Francisco Piyãko.

Mapu Huni Kuin reforçou que a espiritualidade está diretamente conectada à preservação da natureza. “A floresta é viva. É onde estão nossos remédios, nossos ensinamentos e nossos espíritos. Quando um indígena cuida da terra, ele está rezando, está dialogando com o que a ciência ainda não entende completamente”, afirmou.

Francisca Arara enfatizou que o governo do Acre está construindo um Plano Estadual de Bioeconomia com protagonismo indígena, e que os debates do Txai Amazônia serão fundamentais para compor esse documento. “Esse painel é o eixo central do seminário. Não se trata apenas de inclusão dos povos indígenas, mas de reconhecer que os princípios da sociobioeconomia nascem da relação dos nossos povos com a floresta”, disse.

 

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