O Acre tem uma alternativa de renda que pode beneficiar 1,5 mil famílias, tanto em áreas rurais quanto florestais. O cacau nativo tem potencial econômico que, atualmente, não está na agenda do produtor. Restringe-se às análises de técnicos e consultores: ainda não conquistou a confiança de quem precisa conquistar.
Quem precisa provar a viabilidade é o Governo do Estado, que já anunciou uma previsão de geração de renda de R$ 40 milhões com a comercialização do cacau, sem pontuar com clareza qual o período, em quanto tempo se alcançaria essa cifra. A referência da Secretaria de Estado de Agricultura para esse montante é a cotação média do quilo da amêndoa em R$ 52.
A projeção de comercialização, tanto do cacau nativo quanto do cacau de cultivo no Acre, até o fim deste mês de junho, é de 8,8 toneladas. Esse cálculo é feito pela Seagri.
A extração ou o cultivo do cacau pode impactar outro segmento da economia regional: o Turismo. A Secretaria de Estado de Agricultura mapeou e construiu a Rota do Cacau no Acre. Cidades como Acrelândia, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Porto Acre e Rio Branco integram o itinerário.
Com a produção e o roteiro turístico consolidado, não é difícil imaginar o turista degustando um chocolate quente e denso, em uma noite fria em uma aldeia indígena, com a amêndoa manejada na própria comunidade. Isso é possível. É preciso disciplina na assistência técnica e nas orientações quanto às boas práticas no processo de colheita, beneficiamento e comercialização. O Acre não inventaria a roda. Isso já existe em vários lugares do mundo com um sem número de produtos. O que falta é método, planejamento e capacidade de transformar ideias em práticas de gestão.
A Seagri avalia que o cacau de cultivo pode ser usado para recuperar 500 hectares de áreas degradadas. E isso já chamou atenção do BNDES por meio do Fundo Amazônia, com a possibilidade de fomentar a cacauicultura acreana com parte dos R$ 17 milhões do Fundo Amazônia.
A possibilidade de o Acre ter a primeira fábrica de chocolate com cacau feito aqui existe. Seria uma referência importante para a atual gestão que pouca inovação apresentou em sete anos conduzindo política pública.
Seria importante também para que muitos passassem a observar que existe vida econômica para além da pecuária bovina. A diversificação da base produtiva acreana precisa ser incentivada. A Seagri precisa se sentir desafiada para tornar concreta a execução de uma ideia que, se não é nova, é boa e necessária para muitas comunidades indígenas e de agricultores de base familiar. Para esses grupos, de meio amargo, já basta o que não foi feito até aqui.