Os três acusados de cometer crimes de retaliação aos agentes de fiscalização ambiental do ICMBio, presos em flagrante pela Polícia Federal no domingo, foram soltos hoje (16) em audiência de custódia. O Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva dos três, mas a Justiça Federal negou. Os três foram flagrados com gasolina nas imediações do alojamento onde estão instalados os agentes de fiscalização ambiental do ICMBio. Na região, foram incendiadas pontes no Ramal do Cajueiro para dificultar o trânsito de gado apreendido pela Operação Suçuarana.
Apesar da gravidade da ação – que pode ser interpretada como uma tentativa de sabotagem direta às operações do Estado –, a Justiça Federal soltou os suspeitos no dia seguinte, causando indignação entre servidores ambientais e reacendendo o debate sobre a impunidade em crimes ambientais na Amazônia.
Os acusados
Foram presos:
- André Luiz de Oliveira
- Lucas da Silva Cunha
- Naife Pinheiro de Souza
O trio teve a prisão em flagrante homologada, mas a Justiça optou por liberdade provisória, com imposição de medidas cautelares como comparecimento mensal em juízo e proibição de sair da cidade sem autorização.
A justificativa
Na decisão, o juiz Pedro Arthur Livingstone Vinnicombe Otero, da 3ª Vara Federal do Acre, argumentou que não havia “elementos suficientes” para manter a prisão preventiva, destacando que os réus não têm antecedentes e possuem residência fixa.
Mas o argumento não convenceu quem acompanha de perto a situação na reserva. Servidores do ICMBio e da Força Nacional afirmam, sob anonimato, que ações como essa colocam em risco a segurança dos agentes públicos e fragilizam o enfrentamento aos crimes ambientais na região.
Uma sabotagem anunciada
O episódio não é isolado. Nos últimos dias, protestos organizados por moradores da região têm denunciado supostos abusos da Operação Suçuarana, mas também revelam uma crescente mobilização para impedir o avanço das fiscalizações.
Queimadas, bloqueios e ameaças a servidores têm se tornado rotina. A estrada incendiada era um dos únicos acessos viáveis para retirada de animais apreendidos em áreas invadidas por fazendeiros.
A Reserva Extrativista Chico Mendes, criada para proteger os modos de vida tradicionais se tornou nos últimos anos palco de disputa entre preservação e avanço da pecuária. De um lado, pequenos produtores alegam falta de alternativa econômica. Do outro, grandes invasores exploram o discurso da “agricultura familiar” para manter pastos ilegais.