O presidente da Associação dos Pequenos e Médios Produtores da região da Transacreana, José Augusto, avaliou como importantes os primeiros resultados das manifestações contra os embargos aplicados pelo Ibama em áreas produtivas da Reserva Extrativista Chico Mendes. Segundo ele, a mobilização já gerou agendas de diálogo com órgãos estaduais e federais para tentar resolver o conflito que afeta centenas de famílias.
“Nós estamos nessa luta há bastante tempo e já tivemos conversas com a Assembleia Legislativa, a Associação dos Produtores Rurais e outros setores. O que está acontecendo era algo que a gente já previa, como ocorreu em outros estados: o Ibama e órgãos federais chegam nas propriedades, confiscam bens, deixam famílias fora de casa, gerando um transtorno enorme”, afirmou José Augusto.
Ele relatou o clima tenso na região de Chapuri, onde a presença de um grande aparato policial tem causado preocupação entre os moradores. “No banco rural, somos tratados como bandidos, mas somos trabalhadores, homens e mulheres, famílias que lutam pelo sustento próprio.”
Segundo o presidente, mais de 300 produtores estão na lista de notificações de embargos, o que traz muita incerteza para o futuro dessas propriedades. “Estamos buscando antecipar o problema por meio do diálogo. Ontem mesmo tivemos uma reunião com representantes do governo estadual e deputados, e hoje foi agendada uma reunião envolvendo todos os órgãos federais, estaduais e ambientais para buscarmos soluções.”
José Augusto ressaltou que mudanças no Código Florestal são fundamentais para garantir segurança jurídica aos povos da Amazônia. “O Acre é exemplo, com apenas 14,7% de desmatamento em cidades, rios e lagos, sem ultrapassar o limite permitido por lei. Temos grandes reservas e precisamos encontrar uma saída para os pequenos e médios produtores.”