O ensino rural no Acre segue como um dos maiores desafios da gestão educacional do estado. Dados da Secretaria de Educação e Cultura (SEE) apontam que, das 667 escolas da rede estadual, 411 estão localizadas na zona rural, atendendo cerca de 37.566 alunos. Isso representa mais de 60% das unidades de ensino, embora atendam aproximadamente 25% dos 145 mil estudantes matriculados em toda a rede.
De acordo com o secretário de Educação, Aberson Carvalho, a realidade amazônica exige estratégias diferenciadas. “Hoje, a maior parte das escolas da rede estadual estão situadas em áreas rurais. Isso exige uma atuação planejada para garantir o direito à educação em condições adequadas, e temos avançado em manutenções prediais, envio regular da alimentação e garantia do transporte escolar adaptado à realidade das comunidades, como por barcos e caminhonetes adaptadas”, afirmou.
A escolha dos profissionais que atuam nessas áreas segue critérios técnicos e pedagógicos. A prioridade é por educadores com experiência na Educação do Campo e que estejam preparados para enfrentar os desafios logísticos da região. A valorização de professores que já vivem nas comunidades também é uma estratégia adotada pela secretaria, fortalecendo o vínculo local e diminuindo a evasão de docentes.
Além disso, programas de formação específicos, como o Escola da Terra — realizado em parceria com a UFAC —, têm sido fundamentais para qualificar o trabalho nas salas de aula rurais, muitas vezes com turmas multisseriadas.
A qualidade do ensino também tem sido pauta constante. Projetos como a Jornada Pedagógica da Educação do Campo e o investimento em formação continuada têm fortalecido o trabalho dos educadores. Iniciativas como a entrega de tablets com acesso à internet, instalação de laboratórios em escolas de Ensino Médio e a ampliação da alimentação escolar com o programa Prato Extra ajudam a promover a equidade, mesmo nos locais mais remotos.
“O maior desafio, sem dúvida, é o acesso. As condições dos ramais, as longas distâncias e os obstáculos naturais da nossa geografia amazônica impõem muitos limites à logística, tanto para o transporte de estudantes quanto para a chegada de insumos e professores”, pontua Aberson. “Ainda assim, seguimos firmes, porque entendemos que cuidar da educação é cuidar das pessoas, onde quer que elas estejam.”
O secretário destaca que experiências exitosas têm surgido mesmo diante das dificuldades, como a participação de estudantes do campo na Mostra Viver Ciência e o aumento do número de inscritos no Enem entre os alunos da zona rural. “A escola da floresta, do ramal ou da beira do rio tem o mesmo valor que qualquer outra”, conclui.