Na zona rural de Rio Branco, o produtor Raimundo Nonato da Silva, de 63 anos, vive do que a natureza oferece. Ele colhe, transforma e comercializa o buriti, e mantém viva uma tradição passada de geração em geração em sua família.
“Eu aprendi com meu pai. Ele dizia que o buriti era ‘fruta de sustança’, que servia pra tudo: comer, fazer óleo, sabão, doce, até remédio”, conta o agricultor, enquanto segura um cacho recém-colhido. No quintal, dezenas de buritizeiros formam um pequeno bosque nativo, que seu Raimundo cuida com zelo. “Aqui ninguém corta buriti. A gente colhe no tempo certo, respeita a natureza.”
A colheita do fruto acontece de forma manual, com o uso de varas compridas para derrubar os cachos maduros. Depois, o processo é artesanal: a polpa é extraída, fervida, peneirada e usada para produzir doces, sucos e o tradicional óleo de buriti, valorizado por suas propriedades medicinais e cosméticas. Parte da produção vai para feiras na capital, mas a maior parte ainda é trocada ou vendida para atravessadores.
Apesar das dificuldades, seu Raimundo se orgulha da resistência. “O povo quer saber só de soja e gado agora. Mas a gente que é da terra sabe o valor do que tem aqui. O buriti é vida, é raiz.”
Ele sonha em ver o buriti reconhecido como um produto típico da região, com apoio técnico e valorização justa. “Se o governo ajudasse com máquina, com selo, com um jeito da gente vender melhor, dava pra muita família viver disso aqui”, afirma.
Enquanto isso não acontece, seu Raimundo segue firme. Com mãos calejadas e sabedoria herdada dos antepassados, ele mantém viva a tradição no Acre, mostrando que do buriti nasce muito mais que fruto – nasce resistência, cultura e esperança.