A aldeia Coração da Floresta está localizada no município de Feijó. Reúne um núcleo familiar de aproximadamente 60 indígenas shanenáwa. Como na maioria das comunidades indígenas, a mão de obra feminina é muito utilizada no processo produtivo de diversas culturas agrícolas.
As 15 famílias se dividem na produção de macaxeira, farinha, banana, batata doce, jerimum, arroz, milho, mamão e cana de açúcar. “Nós não estamos sendo beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos”, afirmou Adriana Shanenáwa, uma das lideranças mais ativas do lugar. “A nossa agricultura vai muito bem, graças a Deus. A gente planta e do que a gente planta a gente garante o nosso sustento. A gente tem a nossa agricultura, mas a gente não é assistido pelo governo. Eles não dão aquele material para arar a terra. Quando chega o inverno, nós plantamos bastante. Porque quando chega o verão a gente supre a nossa necessidade”.
A fala da liderança indígena mostra a ausência do Governo no que se refere à mecanização agrícola e também no mais importante programa de garantia de compra direta do Governo Federal, o PAA Indígena. A estratégia criada pela comunidade ficou clara: aproveitar o inverno para intensificar a produção. A estocagem rudimentar foi a forma encontrada para encarar o período de estiagem. O verão é um dos períodos do ano em que a comunidade mais sofre.
O Governo Federal e o Governo do Acre têm programas de benefício direto à comunidades indígenas. Há programas de incentivo à agricultura indígena, inclusive com criação de “Selo Indígena do Brasil”. Mas todos eles passam distante da rotina da aldeia Coração da Floresta.